CAPITULO 2 : Diálogo Intercultural
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O dialogo intercultural requer o empoderamento de todos os participantes por meio da capacitação e projetos que divulguem a interação sem a perda da identidade pessoal ou coletiva.
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O êxito do diálogo intercultural não depende tanto do conhecimento dos outros como da capacidade básica de ouvir, da flexibilidade cognitiva, da empatia, da humildade e da hospitalidade. Nesse sentido, e com o propósito de desenvolver o diálogo e a empatia entre jovens de diferentes culturas, foram postas em marcha numerosas iniciativas que vão desde projetos escolares até programas de intercâmbio com atividades participativas nos âmbitos da cultura, arte e desporto. Não há dúvida de que a arte e a criatividade dão testemunho da profundidade e plasticidade das relações interculturais, assim como das formas de enriquecimento mútuo que propiciam, para além de auxiliarem a contrariar as identidades fechadas e a promover a pluralidade cultural. Do mesmo modo, as práticas e os acontecimentos multiculturais, como o estabelecimento de redes de cidades mundiais, os carnavais e os festivais culturais podem ajudar a superar barreiras criando momentos de comunhão e diversão urbanas. As memórias (recordações) divergentes têm sido causa de muitos conflitos ao longo da história. Ainda que por si só, o diálogo intercultural não possa resolver todos os conflitos políticos, econômicos e sociais, um dos elementos-chave do seu êxito consiste na criação de um acervo de memória comum que permita o reconhecimento das faltas cometidas e um debate aberto sobre memórias antagônicas. A formulação de uma versão comum da história pode revelar-se crucial para a prevenção de conflitos e para as estratégias a adotar no pós-conflito, dissipando um passado que continua a estar presente. A Comissão de Verdade e Reconciliação sul-africana e os processos de reconciliação nacional em Ruanda constituem exemplos recentes da aplicação política dessa estratégia de recuperação. A promoção de “lugares de memória” (a prisão de Robben Island na África do Sul, a ponte de Mostar na Bósnia e os Budas de Bamiyan no Afeganistão) demonstra igualmente que o que nos diferencia pode também contribuir para nos unir, ao contemplarmos os testemunhos da nossa humanidade comum. Fortalecimento da autonomia A promoção do diálogo intercultural conflui em grande medida com a abordagem de identidades múltiplas. Não deveria encarar-se o diálogo como uma perda do próprio, mas como algo que depende do conhecimento que temos de nós mesmos e da nossa capacidade de passarmos de um conjunto de referências a um outro. Requer o fortalecimento da autonomia de todos os participantes, mediante a atribuição de capacidades e projetos que permitam a interação, sem prejuízo da identidade pessoal ou coletiva Essa perspectiva pressupõe reconhecer os modos de funcionamento etnocêntrico que frequentemente adotam as culturas dominantes e reservar um espaço maior aos sistemas de pensamento que admitem formas de saber exotéricas e esotéricas. O sucesso dos estudos cartográficos comunitários é um exemplo notável e ajudou a capacitar as populações indígenas que procuram recuperar no plano internacional o direito à terra e aos recursos ancestrais e um desenvolvimento autonomamente definido. Um dos principais obstáculos à acomodação de novas vozes na esfera do diálogo intercultural é a subordinação generalizada das mulheres a interpretações preponderantemente masculinas das tradições culturais. Em muitos contextos sociais cabe às mulheres desempenhar uma função diferenciada na promoção da diversidade cultural, pois muitas vezes são elas as portadoras de valores na transmissão do idioma, dos códigos e sistemas éticos, das crenças religiosas e dos modelos de conduta. A desigualdade entre homens e mulheres é multidimensional e interage de modo sub-reptício com outras formas de desigualdade fundadas, nomeadamente, sobre critérios raciais, sociais ou econômicos. A chave para um processo de diálogo intercultural frutífero está no reconhecimento da igual dignidade dos participantes. Pressupõe reconhecer e respeitar as diferentes formas de conhecimento e os seus modos de expressão, os costumes e tradições dos participantes e os esforços por estabelecer um contexto culturalmente neutro que facilite o diálogo e que permita às comunidades expressar-se livremente. Isso é especialmente verdade no caso do diálogo interconfessional, dimensão crucial da compreensão internacional e, por conseguinte, da resolução de conflitos. Para além dos intercâmbios institucionais entre personalidades eruditas ou representativas, o diálogo interconfessional assume um relevo ainda maior quando e se procura incluir intercâmbios de variada natureza, nomeadamente associações locais ou comunitárias, contando com a participação de populações autóctones, jovens, mulheres, a fim de procurar conciliar diferentes pontos de vista.
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O dialogo intercultural requer o empoderamento de todos os participantes por meio da capacitação e projetos que divulguem a interação sem a perda da identidade pessoal ou coletiva.
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O êxito do diálogo intercultural não depende tanto do conhecimento dos outros como da capacidade básica de ouvir, da flexibilidade cognitiva, da empatia, da humildade e da hospitalidade. Nesse sentido, e com o propósito de desenvolver o diálogo e a empatia entre jovens de diferentes culturas, foram postas em marcha numerosas iniciativas que vão desde projetos escolares até programas de intercâmbio com atividades participativas nos âmbitos da cultura, arte e desporto. Não há dúvida de que a arte e a criatividade dão testemunho da profundidade e plasticidade das relações interculturais, assim como das formas de enriquecimento mútuo que propiciam, para além de auxiliarem a contrariar as identidades fechadas e a promover a pluralidade cultural. Do mesmo modo, as práticas e os acontecimentos multiculturais, como o estabelecimento de redes de cidades mundiais, os carnavais e os festivais culturais podem ajudar a superar barreiras criando momentos de comunhão e diversão urbanas. As memórias (recordações) divergentes têm sido causa de muitos conflitos ao longo da história. Ainda que por si só, o diálogo intercultural não possa resolver todos os conflitos políticos, econômicos e sociais, um dos elementos-chave do seu êxito consiste na criação de um acervo de memória comum que permita o reconhecimento das faltas cometidas e um debate aberto sobre memórias antagônicas. A formulação de uma versão comum da história pode revelar-se crucial para a prevenção de conflitos e para as estratégias a adotar no pós-conflito, dissipando um passado que continua a estar presente. A Comissão de Verdade e Reconciliação sul-africana e os processos de reconciliação nacional em Ruanda constituem exemplos recentes da aplicação política dessa estratégia de recuperação. A promoção de “lugares de memória” (a prisão de Robben Island na África do Sul, a ponte de Mostar na Bósnia e os Budas de Bamiyan no Afeganistão) demonstra igualmente que o que nos diferencia pode também contribuir para nos unir, ao contemplarmos os testemunhos da nossa humanidade comum. Fortalecimento da autonomia A promoção do diálogo intercultural conflui em grande medida com a abordagem de identidades múltiplas. Não deveria encarar-se o diálogo como uma perda do próprio, mas como algo que depende do conhecimento que temos de nós mesmos e da nossa capacidade de passarmos de um conjunto de referências a um outro. Requer o fortalecimento da autonomia de todos os participantes, mediante a atribuição de capacidades e projetos que permitam a interação, sem prejuízo da identidade pessoal ou coletiva Essa perspectiva pressupõe reconhecer os modos de funcionamento etnocêntrico que frequentemente adotam as culturas dominantes e reservar um espaço maior aos sistemas de pensamento que admitem formas de saber exotéricas e esotéricas. O sucesso dos estudos cartográficos comunitários é um exemplo notável e ajudou a capacitar as populações indígenas que procuram recuperar no plano internacional o direito à terra e aos recursos ancestrais e um desenvolvimento autonomamente definido. Um dos principais obstáculos à acomodação de novas vozes na esfera do diálogo intercultural é a subordinação generalizada das mulheres a interpretações preponderantemente masculinas das tradições culturais. Em muitos contextos sociais cabe às mulheres desempenhar uma função diferenciada na promoção da diversidade cultural, pois muitas vezes são elas as portadoras de valores na transmissão do idioma, dos códigos e sistemas éticos, das crenças religiosas e dos modelos de conduta. A desigualdade entre homens e mulheres é multidimensional e interage de modo sub-reptício com outras formas de desigualdade fundadas, nomeadamente, sobre critérios raciais, sociais ou econômicos. A chave para um processo de diálogo intercultural frutífero está no reconhecimento da igual dignidade dos participantes. Pressupõe reconhecer e respeitar as diferentes formas de conhecimento e os seus modos de expressão, os costumes e tradições dos participantes e os esforços por estabelecer um contexto culturalmente neutro que facilite o diálogo e que permita às comunidades expressar-se livremente. Isso é especialmente verdade no caso do diálogo interconfessional, dimensão crucial da compreensão internacional e, por conseguinte, da resolução de conflitos. Para além dos intercâmbios institucionais entre personalidades eruditas ou representativas, o diálogo interconfessional assume um relevo ainda maior quando e se procura incluir intercâmbios de variada natureza, nomeadamente associações locais ou comunitárias, contando com a participação de populações autóctones, jovens, mulheres, a fim de procurar conciliar diferentes pontos de vista.
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