quarta-feira, 22 de abril de 2015

Congo Belga – 10 milhões assassinados! (Transcrição)

Para dar ao leitor uma visão concreta do que foi a colonização da África, vou deixar aqui o testemunho do missionário sueco E. V. Sjöblom sobre a sua estadia no Estado livre do Congo. A citação é longa mas necessária. Veja o leitor também qual foi a reação de Sjöblom aos acontecimentos que presenciou, relacionados com a recolha obrigatória do caucho, o látex da borracha.
”Continuando o meu caminho fui saudando os indigenas amigávelmente. Como habitualmente consegui afastar o medo e, pelo menos em parte, ganhar a sua afecção. Alguns jovens seguiram-me e quando chegámos ao acampamento já lá estávam um grande grupo de pessoas. Outros indígenas iam voltando do trabalho de ir buscar cauchu à floresta. Pouco tempo passado estavam já várias centenas de pessoas reunidas à minha frente.
De repente um dos soldados – também indígena mas de outra aldeia – agarrou um homem de idade e amarrou-o. O soldado virou-se para mim e disse:
-          Eu vou matar este homem porque ele não trousse nenhum cauchu.
Eu respondi: Na realidade eu não tenho nada a vêr com isso e não tenho direito de te impedir. Mas eu desejaria que tu não o fizesses na minha presença, quando estão tantas pessoas aqui para ouvir a palavra de Deus.
Ele respondeu: Se nós não matamos os que vêm sem cauchu, os oficiais do estado livre matam-nos a nós. É melhor matarmos outros do que sermos mortos.
Assim que ele disse isto, dirigiu-se ao homem velho como um tigre atiçado. Arrastou-o alguns passos para fora do grupo, apontou a espingarda à cabeça do homem e matou-o. De seguida pôs outra bala na espingarda e apontou ao grupo de pessoas que desapareceu rápidamente. Estava com medo de ser atacado e queria meter medo aos que estavam reunidos.
Durante alguns minutos estivemos todos calados. O grupo tinha fugido e eu e os meus homens estávmos calados. Em seguida o soldado mandou um menino de nove anos cortar a mão direita do morto. Esta mão com muitas outras mãos, que tinham sido decepadas pelo mesmo motivo, tinham que ser entregues ao comissário como um sinal da vitória da civilização”.
 
A razão desta coleção de mãos decepadas é que por cada cartucho utilizado pelos soldados tinha que ser entregue uma mão direita decepada aos oficiais do exército do Estado livre do Congo. Nenhuma bala podia desaparecer, todas tinham que ter um equivalente em mãos decepadas. Às vezes acontecia que os soldados se utilizavam das espingardas na caça e para darem conta das balas aos oficiais, agarravam uma pessoa viva i cortavam-lhe a mão direita. Dezenas de milhares de cartuchos sem balas eram entregues regularmente aos oficiais do estado livre com o mesmo número de mãos direitas decepadas de pessoas mortas ou vivas.
 
Cada cartucho utilizado, uma mão a entregar
Escravatura total das pessoas no Congo
 
 Mas o número de mortos era maior do que as mãos entregues. As crianças eram muitas vezes assassinadas pelos soldados a golpe de pancada com as espingardas. No ano de 1919 uma comissão oficial belga chegou à conclusão que a população do Estado livre do Congo-Congo Belga, tinha diminuido para metade depois da ocupação europeia em 1884. Uma diminuição para metade em 35 anos! Trata-se de pelo menos 10 milhões de pessoas mortas!
Os soldados inculpados neste morticíno estavam incluídos numa força especial de legionários negros comandada por corpo de oficiais branco sob as ordens do general-major Emile Janssen. Janssen deu ordem aos chefes das aldeias de lhe mandarem ”os piores elementos”, os quais foram incorporados com uma ”disciplina absoluta” durante um periodo de sete anos, uma lavagem ao cérebro com o nome de ”Boula Matari”, ou seja o nosso rei ”soverano na Belgica e no Congo, dois reinos unidos para sempre”.
Segundo o próprio general-major Janssen esses homens eram treinados para terem uma lealdade absoluta para com o rei e o país colonizador. Segundo ele tinham ”todos os meios desponiveis sido utilizados: escolas, jornais, radio, apoio social, control da polícia politica G2, oficiais de inteligencia e informação” nesta lavagem cerebral. Fonte: http://migre.me/pA5ta
 

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